eu no cu não aprecio

Wednesday, October 04, 2006

Mas onde é que eu falhei?

Confesso. A Bridget Jones perdeu toda a graça. Em vez disso, vejo-me reduzida às mesmas ridiculas peripécias da bifa com peso a mais.
Explicando. Perco bem duas horas a escolher a roupa, mais meia para tratar do cabelo. Da maquilhagem nem se fala. Chego à festa. Tudo bem disposto. Ele sentado num canto com um grupo de velhos conhecidos. Cumprimentamo-nos com um simpático acenar de cabeça. Sorrio interiormente, pensando que «desta vez é que vai ser». Decido-me por uma flute de champanhe, que embora não aprecie muito, me dá um ar sofisticado.
Uns 10 minutos e alguns cumprimentos de circunstância depois, ele decide vir ter comigo.
«Então? Como vai isso?» - pergunta com um sorriso inocente. Eu já me rendi antes mesmo de começar a lutar. Respondo que vai bem e que estava a gostar muito da festa. Continuamos a conversar. Chegam mais amigos e a conversa alarga-se mas eu não me importo. Agora quero aproveitar cada momento antes de dar a estocada final.
A música convidava para dançar, mas a nossa dança era outra. Desviavamo-nos ora para um lado, ora para o outro para deixar passar quem se dirigia à pista de dança. Nem ele nem eu largávamos os copos. Como se os inocentes pedaços de vidro servissem para impedir que nos tocassemos.
As horas passavam e a minha impaciência aumentava. Ele não desarmava mas também não avançava.
Foi então que o impensável aconteceu. A minha amiga chama-me e segreda-me ao ouvido: «O que achas? É giro, não é?». Limitei-me a esboçar um sorriso imbecil. Ela acertadamente achou que tinha concordado. «Estou muito satisfeita» continuou ela. «Acho que ele é perfeito para apresentar à...». Naquele instante a música desapareceu da sala, bom talvez seja um exagero. Desapareceu dos meus ouvidos. Em vez disso ouvia o matraquear da taquicárdia que se tinha instalado no meu coração.
A minha amiga continuava a gabar os seus dotes casamenteiros. Eu já nem a podia ver, quanto mais ouvir.
Começo a pensar como é que vou sair desta situação airosamente? O sapo é enorme e teima em não ser engolido. A minha amiga não sabe das minhas intenções e as minhas tentativas de conquista não são para tornar públicas. Nem os meus retumbantes fracassos.
Olho na direcção dele. Continua a exibir o sorriso inocente, mas desta vez conversa com a sua prometida. Bebo sozinha o resto do champanhe e saio à francesa, para não destoar.
Demorei dois minutos a desfazer-me da roupa e da maquilhagem. Sentei-me com as minhas pantufas da Hello Kitty e um Toblerone em frente à televisão. Ainda fui a tempo de ver a segunda parte do «Diário de Bridget Jones».
Raios partam as comédias românticas.

1 Comments:

  • At 4:23 PM, Blogger Beri said…

    ó Dita...isso é que foi, hã?
    sabes onde é que falhaste??
    na parte da imposição!!
    quando a não-se-quantas se chegou perto de ti e perguntou o que achavas do tipo para a não-sei-o-que-mais, tu dizias imediatamente que achavas uma péssima ideia!!!!!!
    que, ao falar com ele, tinhas visto logo esgares esquizo no seu olhar, que se chegou a insinuar e te disse 2 ou 3 palavras feias ao ouvido, que já tinhas topado que não era boa rês e agradecias-lhe por te ter ido salvar...MAS NUNCA DESISTIR!!!
    é aí que tens de trabalhar! na ASSERTIVIDADE, minha amiga!!!tanto para o bem, como para o mal!!
    isso foi uma mera e esfarrapada desculpa para não ires à luta!!!
    manda o teu psicanalista pastar, pá!

     

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